Não compre só um nobreak: compre disponibilidade
Baseado no episódio com Felipe Guimarães (Tecsys) e na participação do técnico Anselmo. Sumário
- Introdução
- Máquina x solução: a mudança de mentalidade
- Pilares de uma solução completa
- Por que o parceiro local importa
- Plano de continuidade essencial
- Canvas de Continuidade de Energia
- Esquemas demonstrativos
- TCO: custos ao longo do ciclo de vida
- Métricas que importam
- Riscos comuns e como mitigar
- Bastidores: do laboratório ao campo
- Perguntas frequentes
- Conclusão e próximos passos
Introdução
Quando você compra um nobreak (UPS), está adquirindo apenas um equipamento — ou garantindo a solução para não parar quando faltar energia? Essa é a reflexão central trazida por Felipe Guimarães no episódio semanal da Tecsys.
A analogia é direta: quem depende do carro para trabalhar não adia manutenção. Em energia garantida, a lógica é a mesma. Se a operação é crítica, o foco precisa sair da “máquina” e migrar para a “solução”.
“Seu nobreak é meio, não fim. O objetivo é disponibilidade do negócio, não apenas ter um UPS instalado.”Contexto: sucesso não é “instalado com êxito”, e sim “não parou quando precisou”.
Em outras palavras, disponibilidade é um resultado de engenharia, processos e pessoas — não um atributo automático do equipamento.
Máquina x solução: a mudança de mentalidade
Tratar o UPS como produto isola a decisão em preço e catálogo. Tratar como solução integra risco, operação e continuidade. O resultado é menos surpresa e mais previsibilidade.
| Critério | Equipamento (máquina) | Solução (continuidade) |
|---|---|---|
| Objetivo | Instalar um UPS | Garantir disponibilidade do negócio |
| Abordagem de risco | Reativa | Preventiva e preditiva |
| Dimensionamento | Por catálogo | Por carga, autonomia, crescimento e criticidade |
| Integração elétrica | Responsabilidade do cliente | Projeto e execução assistidos |
| Suporte | Sob demanda | N1/N2, 24×7, SLA definido |
| Redundância | Nem sempre prevista | N+1 conforme risco |
| Contingência | Rara | Backup/locação planejados |
| Custo total (TCO) | Imprevisível no tempo | Visível e controlado (CAPEX/OPEX) |
| Resultado | UPS instalado | Operação disponível |
“Uma empresa séria está preocupada em caminhar com você hoje, amanhã e sempre — não só em vender uma máquina.” — Felipe Guimarães Leitura: vendedor entrega produto; parceiro de continuidade entrega disponibilidade com governança.
Pilares de uma solução completa
Uma solução robusta reúne elementos técnicos e de serviço que atuam antes, durante e depois da instalação.
1) Pré-venda consultiva e multimarcas
A escolha entre fabricantes A, B ou C deve refletir seu cenário, não o estoque do fornecedor. Isso evita sub ou superdimensionamento e alinha custo ao risco.
2) Dimensionamento correto
Considere potência, autonomia, fator de potência, harmônicos, ambiente e crescimento. Um UPS “no limite” funciona até o dia em que sua carga cresce 10%.
3) Projeto e integração elétrica
By-pass de manutenção, proteções, aterramento e comissionamento reduzem riscos. Má integração elétrica é uma causa comum de indisponibilidade.
4) Operação assistida (Nível 1)
Treine sua equipe para leituras, alarmes e procedimentos seguros. N1 bem treinado evita que sinais iniciais virem incidentes.
5) Suporte especializado (Nível 2) e 24×7
Diagnóstico, intervenção e escalonamento. Às 3h da manhã, o que importa é o atendimento com SLA — não o folder do fabricante.
6) Monitoramento e manutenção
Combine manutenção preventiva com dados em tempo real para ações preditivas, especialmente em bancos de baterias.
7) Redundância e resiliência
Arquiteturas N+1 e testes de falha controlados garantem que a redundância funciona na prática, não apenas no diagrama.
8) Contingência
Plano de backup e locação reduz MTTR em falhas reais. É a diferença entre horas e minutos de indisponibilidade.
| Nível | Quem atua | Escopo típico | Quando acionar |
|---|---|---|---|
| N1 | Sua equipe treinada | Checklists, leitura de alarmes, procedimentos de rotina | No dia a dia e nos primeiros sinais |
| N2 | Time técnico especializado | Diagnóstico, atualização, reparo, substituição | Alarmes críticos, falhas e incidentes |
| N3* | Engenharia/fabricante | Casos complexos e estruturais | Problemas raros e de projeto |
*N3 quando aplicável, via fabricante/parceiro.
“Ele quer resolver o problema do cliente. Não é ‘tira esse, bota outro’.” — Anselmo (técnico)Interpretação: trocar por trocar nem sempre resolve a causa raiz. Diagnóstico preciso preserva recursos e aprendizado.
Por que o parceiro local importa
Incidentes não escolhem horário. Presença local com cobertura 24×7 reduz tempo de resposta e melhora o desfecho.
Quem instala e mantém muitos ambientes antecipa problemas. Esse repertório vira decisão melhor sob pressão.
“24 horas… a gente está atendendo hospitais, bancos, tudo que é tipo.” — Anselmo Tradução em SLA: setores como saúde e financeiro exigem ação imediata. Proximidade encurta MTTR e protege a reputação.
Plano de continuidade essencial
Planeje antes do incidente. Defina o que é crítico, quem faz o quê e como voltar ao normal rápido.
Elementos mínimos:
– SLA por serviço, janelas de manutenção e critérios de escalonamento.
– Arquitetura: N+1, paralelismo, by-pass e testes programados.
– Manutenção: calendário anual, KPIs e preditiva por condição.
– Monitoramento: telemetria, alertas proativos, relatórios.
– Contingência: contrato de backup/locação e estoque de emergência.
– Pessoas: responsabilidades claras para N1/N2 e acionamento 24×7.
Canvas de Continuidade de Energia
Use o canvas abaixo para mapear sua estratégia de forma visual e objetiva. Preencha cada bloco conforme sua realidade.
| Bloco | Perguntas-guia / Preenchimento |
|---|---|
| Cargas críticas | Quais serviços não podem parar? Qual impacto por minuto? |
| SLA e risco | Qual disponibilidade alvo? Maiores cenários de falha? |
| Arquitetura | N+1? Paralelismo? By-pass? Autonomia necessária? |
| Projeto elétrico | Proteções, aterramento, painéis e comissionamento definidos? |
| Operação | N1 treinado? Procedimentos e checklists padronizados? |
| Suporte | N2 24×7 com SLA e escalonamento? 0800/portal? |
| Monitoramento | Alarmes, telemetria, relatórios e manutenção preditiva? |
| Contingência | Backup/locação, estoque de peças e logística acordados? |
| Métricas | Uptime, MTTR, alarmes críticos, janelas de troca de baterias? |
| TCO | CAPEX, OPEX, ciclos de bateria, custo de parada e seguros? |
Esquemas demonstrativos
Camadas de uma solução de energia garantida
+------------------------------------------------------+
| Meta: Disponibilidade do negócio (SLA/Uptime) |
+-------------------------+----------------------------+
| Operação: N1 treinado | Suporte: N2 24x7 / SLA |
+-------------------------+----------------------------+
| Monitoramento & Manutenção (preventiva/preditiva) |
+------------------------------------------------------+
| Arquitetura: N+1, By-pass, Autonomia, Integração |
+------------------------------------------------------+
| Equipamento: UPS, Baterias, Painéis, Proteções |
+------------------------------------------------------+
Leia de baixo para cima: o equipamento é base, mas não sustenta o SLA sozinho. As camadas acima garantem resiliência.
Fluxo de incidentes e escalonamento
[Alarme] -> [N1 verifica e registra] -> [Criticidade?]
| Não crítico -------------------------------> [Normaliza e reporta]
| Crítico -> [Aciona N2 24x7] -> [Diagnóstico/Peças]
| Falha grave -> [Backup/Locação] -> [Restabelece]
| Falha tratável -> [Reparo] -> [Teste] -> [Pós-mortem]
Defina tempos-alvo para cada seta (SLA) e quem autoriza cada decisão. Documente e teste.
Árvore de decisão simplificada para N+1
[Carga é missão crítica?] -- Não --> [N] + Plano de contingência
|
Sim
v
[Custo de parada é alto?] -- Sim --> [Arquitetura N+1]
|
Não
v
[Janela de manutenção existe?] -- Não --> [N+1]
Sim --> [N com by-pass e testes rigorosos]
Não existe “sempre N+1”. Existe “N+1 quando o risco justifica”. Em saúde e financeiro, quase sempre justifica.
TCO: custos ao longo do ciclo de vida
Preço baixo pode sair caro se o custo de parada for alto. Enxergue o ciclo de vida completo para decidir melhor.
| Componente | Exemplos |
|---|---|
| CAPEX (aquisição) | UPS, baterias iniciais, instalação e projeto |
| OPEX (operação) | Energia/eficiência, manutenção, monitoramento |
| Renováveis/cíclicos | Troca de baterias, atualizações, modernizações |
| Paradas/incidentes | Multas/SLA, perda de receita, reputação |
| Contingência | Locação de emergência, logística e peças |
Boa prática Compare cenários 3–5 anos com/sem N+1 e diferentes SLAs.
Alerta Some custo reputacional em setores regulados.
Métricas que importam
Disponibilidade (%): indicador central do seu SLA. Relacione com janelas de manutenção e testes.
MTTR: tempo para restaurar serviço. Parcerias locais e peças em estoque reduzem esse número.
MTBF: tempo médio entre falhas. Melhora com manutenção baseada em condição e ambiente adequado.
Alarmes críticos: rastreie volume, causas e tempo de resposta. Use pós-mortem para ações preventivas.
Ciclos de bateria: monitore idade, temperatura e autonomia. Trocas no tempo certo evitam surpresas.
Riscos comuns e como mitigar
Riscos
– Dimensionamento subestimado (autonomia insuficiente)
– Ausência de by-pass de manutenção
– Baterias no fim de vida sem monitoramento
– Sem redundância em carga crítica
– Suporte sem SLA e sem 24×7
– Integração elétrica deficiente
Mitigações
– Auditoria de site e estudo de carga (revisado anualmente)
– Projeto com by-pass e testes sob carga
– Telemetria de baterias e trocas planejadas
– Arquiteturas N+1 quando o risco justificar
– Contrato N1/N2 com SLA e escalonamento 24×7
– Comissionamento e as-built com checklist
Bastidores: do laboratório ao campo
No episódio, Felipe visita o laboratório e conversa com Anselmo, técnico veterano que atende hospitais, bancos e outras operações críticas. A prática confirma a teoria: continuidade depende de um time que resolve, não apenas vende.
“O que é melhor para a Tecsys tem que ser melhor para o cliente.” — Anselmo Significado: decisões técnicas priorizam valor para o cliente e relação de longo prazo, não apenas retorno imediato.
“A tecnologia evoluiu, e a Tecsys acompanha essa evolução.” — Anselmo Significado: equipamentos menores e mais eficientes exigem processos e capacitação à altura — do comissionamento ao suporte 24×7.
Perguntas frequentes
Sempre preciso de N+1? Depende da criticidade, custo de parada e janelas de manutenção. Em missão crítica, a recomendação costuma ser N+1.
Minha equipe pode operar sem suporte externo? Com N1 treinado, muita rotina é interna. Para incidentes e manutenção, N2/24×7 com SLA é essencial.
E se o UPS falhar de madrugada? Um contrato 24×7 com escalonamento e opção de backup/locação reduz MTTR e impacto no negócio.
Conclusão e próximos passos
Disponibilidade não nasce da etiqueta do equipamento. Ela é construída com projeto, operação e parceria. Trate seu UPS como parte de uma solução maior e escolha um parceiro que esteja ao seu lado antes, durante e depois da compra.


